ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 23-8-2001.
Aos vinte e três dias do mês de agosto do ano dois
mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e dezoito minutos, constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Desembargador Garibaldi Almeida Wedy, nos termos do Projeto de Lei do
Legislativo nº 059/01 (Processo nº 1346/01), de autoria do Vereador Cassiá
Carpes. Compuseram a MESA: o
Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o
Deputado Estadual Sérgio Zambiasi, Presidente da Assembléia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul; o Desembargador Luís Felipe Vasques de Magalhães,
Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor João
Verle, Prefeito Municipal de Porto Alegre em exercício; a Conselheira Terezinha
Irigaray, representante do Tribunal de Contas do Estado; o Senhor Hélio Ângelo
Lodi, Prefeito Municipal de Soledade - RS; o Desembargador Francisco José
Moesch, representante da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul - AJURIS; o
Senhor Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto
Alegre; o Desembargador Garibaldi Almeida Wedy, Homenageado; o Vereador Cassiá
Carpes, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor
Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e,
após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Cassiá Carpes, em nome das Bancadas do PTB, PSB e PMDB, teceu considerações a
respeito da importância da presente solenidade e historiou a vida do
Desembargador Garibaldi Almeida Wedy, ressaltando o notável saber jurídico, a
honestidade, equilíbrio e a capacidade de fazer amigos demonstradas por Sua Excelência
ao longo de sua vida. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do
Vereador Manoel Pedro Silveira Castanhedo, do Município de Soledade - RS e,
após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O
Vereador Estilac Xavier, em nome das Bancadas do PT e PC do B, destacando a
honra em poder se pronunciar nesta Sessão Solene, analisou a dedicação ao Direito
e a trajetória de êxito do Senhor Garibaldi Almeida Wedy como Professor, Juiz,
Desembargador e dirigente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul -
AJURIS. O Vereador Nereu D'Avila, em nome da Bancada do PDT, lembrando ser
conterrâneo do Desembargador Garibaldi Almeida Wedy, relatou passagens da vida
de Sua Senhoria e de seus antepassados, acontecidos no Município de Soledade e
afirmou que o homenageado honra as tradições de sua terra, por suas virtudes
como pessoa e personalidade do mundo jurídico. O Vereador João Antonio Dib, em
nome da Bancada do PPB, enfatizou ser a presente homenagem um coroamento aos
serviços exemplares prestados à coletividade pelo Desembargador Garibaldi
Almeida Wedy , enfocando a conduta irrepreensível de Sua Senhoria, baseada no
trabalho abnegado, na dignidade e coragem que demonstrou às causas do Direito.
Na ocasião, o Senhor Presidente informou que o Deputado Estadual Sérgio
Zambiasi e o Desembargador Luiz Felipe Vasques de Magalhães se ausentariam da
presente solenidade, face a compromissos anteriormente assumidos. Em seguida, o
Senhor Presidente convidou os Vereadores Cassiá Carpes e Nereu D'Avila para
procederem à entrega, respectivamente, do Diploma e da Medalha referentes ao
Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Desembargador Garibaldi Almeida
Wedy, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido.
Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução
do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de
todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e trinta e oito
minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia e secretariados
pelo Vereador Cassiá Carpes, como Secretário "ad hoc". Do que eu,
Cassiá Carpes, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela
Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Desembargador Garibaldi Almeida Wedy
com o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, nos termos do PLL nº
059/01, de autoria do Ver. Cassiá Carpes.
Compõem
a Mesa: o nosso homenageado, Desembargador Garibaldi Almeida Wedy; o Ex.mº Sr. Presidente da Assembléia Legislativa do
Estado, Deputado Sérgio Zambiasi; o Ex.mº Sr. Presidente do Tribunal
de Justiça do Estado, Desembargador Luís Felipe Vasquez de Magalhães; o Ex.mº
Sr. Prefeito de Porto Alegre, no exercício da Prefeitura, Dr. João Verle; a Ex.mª
representante do Tribunal de Contas do Estado, Conselheira Terezinha Irigaray;
o Ex.mº Sr. Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto
Alegre, Dr. Telmo Kruse. Saudamos, também, o Ex.mº Sr. Prefeito
Municipal de Soledade, Dr. Hélio Ângelo Lodi; o Ex.mº representante
da AJURIS, Desembargador Francisco José Moesch.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Executa-se o Hino
Nacional.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Queremos cumprimentar o Ver. Cassiá
Carpes pela iniciativa, para que esta Casa, este Parlamento Municipal possa
homenagear o Dr. Garibaldi Almeida Wedy por toda sua história que nós
conhecemos.
Mas
esta presidência, Dr. Garibaldi Almeida Wedy, pinça uma frase sua, lapidar,
quando V. S.ª assumia como Desembargador e dizia que o seu maior sonho será “o
dia que ninguém tenha fome e sede de justiça”. Sem dúvida alguma, para nós
Legisladores, essa frase tem um significado extremamente importante, faz com
que nós tenhamos que refletir também sobre isso.
O
Ver. Cassiá Carpes, proponente desta Sessão Solene, está com a palavra e falará
em nome do PTB, do PSB e do PMDB.
O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) (Lê.)
“O
Desembargador Garibaldi Almeida Wedy é uma pessoa com notável saber jurídico
que em muito tem contribuído para o aperfeiçoamento do mundo jurídico e que, na
magistratura, escolheu, dentre todos os ramos, a Justiça Criminal. E, para bem
exercê-la, viveu sempre com o povo, procurando conhecê-lo, amá-lo para bem
julgá-lo.
Em
seu discurso de posse, como já foi aqui expressado pelo nosso Presidente
Fernando Záchia, ele disse: ‘O meu maior sonho é o dia em que ninguém tenha
fome e sede de justiça.’
Ele
é homem de inegável liderança, que inspirou a vocação a muitos dos seus
próximos, servindo de belo exemplo.
Filho
de Alpheu Alves Wedy e Maria Almeida Wedy, nasceu na Vila de Soledade, em 22 de
outubro de 1913. Passou sua infância na denominada Fazenda do Posto, distante
30 km da sede do Município, na margem direita da estrada Soledade-Cachoeira do
Sul.
Em
1924 e 1925, foi aluno interno do Colégio Sinodal, hoje Instituto Mauá,
dirigido por luteranos, em Santa Cruz do Sul; em 1926, foi aluno interno do
Colégio São Luís, dirigido pelos Irmãos Maristas, em Santa Cruz do Sul; em 1927
e 1928, continuou como aluno externo do referido Colégio São Luís, quando morou
na casa do Professor André Klarmann, este com busto na praça da Prefeitura
Municipal de Santa Cruz do Sul. Em 1929, foi aluno interno do Ginásio N. Sr.ª
do Rosário em Porto Alegre. Em 20 de dezembro de 1934, recebeu o diploma de
Bacharel em Ciências e Letras do Ginásio Anchieta, na Rua Duque de Caxias, ao
lado do Museu Júlio de Castilhos em Porto Alegre. Em 1935, ingressou na
Faculdade de Direito de Porto Alegre. Em 15 de dezembro de 1939, colou grau em
Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade de Porto
Alegre.
Ele
foi o primeiro suplente do Juízo Municipal da Comarca de Soledade, de 3 de
julho de 1936 a 5 de agosto de 1938.
Aprovado
em concurso, assumiu a Promotoria Pública de Ijuí, em 22 de abril de 1941; em 8
de novembro de 1941, assumiu a função de Promotor Público da Comarca de Santo
Ângelo, que tinha como termo o Município de Santa Rosa, permanecendo nesta
Comarca até 28 de maio de 1945.
Aprovado
em concurso, assumiu em 30 de maio de 1945 a função de Juiz de Direito da
Comarca de Sobradinho; no denominado ‘Governo dos Juízes’, foi Prefeito de
Sobradinho.
Exerceu
também as funções de Juiz de Direito nas Comarcas de Lajeado, Soledade, São
Luiz Gonzaga, Santa Maria e Porto Alegre. Foi Juiz Eleitoral da 1ª Zona de
Porto Alegre. Foi membro do Tribunal Regional Eleitoral, quando era Juiz de
Direito da Comarca de Porto Alegre.
Assumiu,
em 05 de dezembro de 1969, o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul, sendo aposentado, a pedido, em 14 de março de
1974.
Foi
professor do Ginásio de Santo Ângelo, da Escola Normal Madre Bárbara, de
Lajeado, da Faculdade de Direito Ritter dos Reis, em Canoas.
Inscreveu-se
como solicitador e como advogado na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Estado
do Rio Grande do Sul.
Foi
Consultor Jurídico da Associação Comercial de Soledade. Foi Tesoureiro da
Associação dos Juízes do Estado do Rio Grande do Sul (AJURIS), de 08 de
dezembro de 1962 a 08 de dezembro de 1964.
É
autor de dois livros que tratam da política da sua amada terra Soledade, sendo
‘O Pequeno Grande Mundo de Soledade’ e, ‘Soledade’ - Fatos Políticos,
Violências e Mortes - Reminiscência, Década de 1930/1940.”
Ainda
hoje esse homem exemplar continua contribuindo com exemplos dignificantes no
exercício da profissão que exerce.
Cada
cerimônia, nesta Casa, encerra uma etapa de vida, um momento, um período, uma
história. A cerimônia de hoje, marcante sob todos os aspectos, é uma homenagem
não apenas ao Advogado, ao Promotor, ao Juiz, ao Desembargador Garibaldi
Almeida Wedy, mas também, ao homem do povo e ao cidadão que ele é, admirado nos
seus gestos de inolvidável lealdade, generosidade e compreensão.
A
personalidade e o caráter do Dr. Garibaldi são a síntese perfeita de duas
terras com suas características e peculiaridades.
Da
merencória Soledade, como falava Simões Lopes Neto, da Soledade das Sesmarias
dos Monges, da Soledade das pedras preciosas, da Soledade das carreiradas, da
Soledade das campereadas de menino, da Soledade dos primeiros embates no
Tribunal do Júri, da Soledade das verdejantes campinas no verão, da Soledade
regelada pelo pampeiro do inverno, ele trouxe a fortaleza moral e a necessária
resistência física e espiritual para suportar as intempéries da vida, os
sofrimentos, as perdas, os padecimentos. Daí, por certo, veio a rigidez de seu
caráter inatacável.
Da
sua Porto Alegre de estudante nos colégios Rosário e Anchieta, da Porto Alegre
da Faculdade de Direito, da Porto Alegre do Clube dos Caçadores, da Porto
Alegre do Café Colombo ou da Confeitaria Rocco, da Porto Alegre das pensões da
rua da Ladeira, da Porto Alegre do Jockey Club, ele absorveu a generosidade, a
simpatia, a compreensão e a tolerância.
Após,
peregrinou pelos mais longínquos rincões desta terra, desde Santo Ângelo e São
Luiz Gonzaga, passando por Sobradinho, Soledade, Lajeado e Santa Maria, até
regressar à Capital do Estado, sempre distribuindo a boa semente da justiça.
A
jornada foi longa e imprimiu em seu caráter as qualidades do homem desta terra:
um caráter moldado de fé, integridade e coragem. A síntese destas andanças
forjou o homem equilibrado e leal, honesto e sério, bondoso e corajoso, enfim o
magistrado que seguiu à risca a lição do imortal Nelson Hungria e desceu ao
chão do átrio, onde ouviu o eco da multidão, o estrépito da vida, o fragor do
mundo, para tornar-se o ‘Juiz do Povo’, como o chamou o então Presidente do
Tribunal de Justiça, Desembargador Balthasar da Gama Barbosa, no dia de sua
posse como Desembargador.
Contudo,
a maior qualidade deste advogado de apartes desconcertantes no Tribunal do
Júri, deste promotor paladino da justiça, deste magistrado exemplar, é a
capacidade de fazer amigos e ensinar pelo exemplo.
Enfim,
o Ex.mº Senhor Desembargador Garibaldi Almeida Wedy, se me é
permitido o trocadilho, incorporou, por sua conduta pessoal, o tratamento dado
às autoridades judiciais. De forma que é impossível dissociar do homem
Garibaldi o tratamento dispensado ao magistrado Garibaldi. Mais do que Ex.mº Desembargador, ele foi um excelente filho e
um excelente esposo, e continua a ser um excelente irmão, um excelente pai, um
excelente avô, um excelente colega, um excelente amigo, enfim, um excelente
Cidadão de Porto Alegre.”
Parabéns,
Desembargador! Queira receber deste Vereador, da nossa Bancada do Partido
Trabalhista Brasileiro desta Casa, esta grande homenagem, que, sem dúvida, nós
estamos honrados de lhe propiciar nesta tarde de hoje. Um abraço a todos e a
satisfação de contar com a presença de todos, familiares e amigos, nesta grande
homenagem para o Desembargador. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Esta presidência, quer, quebrando o
protocolo, saudar - dentre todas as autoridades presentes, mas por tratar-se de
um Parlamentar -, saudar o Ver. Manoel Pedro Silveira Castanhedo, de Soledade,
o Vereador mais jovem do Estado do Rio Grande do Sul, eleito com 19 anos. Seja
V. Ex.ª muito bem-vindo a esta Casa. (Palmas.)
O
Ver. Estilac Xavier está com a palavra. Fala pelas Bancadas do PT e do P C do
B.
O SR. ESTILAC XAVIER: Ex.mº Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Represento, neste ato, a Bancada do Partido dos
Trabalhadores e do Partido Comunista do Brasil e com muita honra, nesta Sessão
Solene que homenageia o Desembargador Garibaldi Almeida Wedy com o Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Acompanhando a proposição do Ver. Cassiá
Carpes, homem que, eleito Vereador desta Casa, tem demonstrado uma qualidade impecável,
admirado pela sua seriedade, pelo trabalho e pela forma honrada com que
dignifica a representação que o trouxe aqui. A proposição do Ver. Cassiá Carpes
não só foi justa, mas nos convocou a vir a esta tribuna para nos somarmos à
justa homenagem ao cidadão Garibaldi Almeida Wedy, nosso Desembargador.
Na
sua trajetória de promotor, de juiz, desembargador, professor, dirigente da sua
categoria de classe na AJURIS, como tesoureiro, como pai de família, hoje
espelhado aqui nesta presença magnífica de amigos, ilustres companheiros,
colegas que vieram nesta justa homenagem acompanhar, queremos nos somar, para
dizer que a sua qualidade de homem público, a sua dedicação ao Direito e,
principalmente à justiça, para aqueles que têm fome de justiça e sede de justiça,
palavra que não se confunde muitas vezes com a lei e que, na sua perseguição
permanente, como profissional e como homem de comunidade, deixou aqui na nossa
Cidade uma marca indelével.
Não
é fácil ser Cidadão Emérito, ilustre e Honorífico da Cidade de Porto Alegre.
Mas, o senhor agora faz parte de uma galeria daqueles que, não tendo nascido na
nossa Cidade, tal como eu, nascido na Cidade de Soledade, centro do Estado do
Rio Grande do Sul, está sendo homenageado pelos relevantes serviços prestados e
reconhecidos por esta Câmara, a alta Câmara de representação do Município de
Porto Alegre de forma pluripartidária, onde se expressam a heterogeneidade e a
pluralidade dos pensamentos e das vontades políticas da sociedade democrática
de Porto Alegre.
Uma
Cidade que tem o nome de “Porto”, certamente, a idéia de todos que aqui podem
chegar, e que é “Alegre”, porque aqui certamente é o lugar, o momento, onde se
constitui a existência no trabalho e nas relações.
O
senhor, ao chegar nesta Cidade, não só angariou a simpatia pelo seu trabalho,
sua firmeza, honradez e pela perseguição permanente da justiça mas está se
somando àquilo que a nossa Cidade faz, que é ser uma cidade democrática. O
senhor está contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de uma cidade justa,
que, talvez, possa se transformar em um exemplo para todos nós.
Seja
bem-vindo a nossa galeria honorífica. Aceite o nosso grande abraço, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores e do P C do B, extensivo aos seus amigos,
familiares e colegas. Um grande e fraternal abraço! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Nereu D'Avila está com a palavra
pelo PDT.
O SR. NEREU D'AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componente da Mesa e demais presentes.) Pois eu não sei se hoje falo como
representante desta querida Cidade de Porto Alegre - a qual tenho a honra de
representar - ou se falo em nome da constelação dos amigos, da constelação
daqueles com quem, nascidos em Soledade, temos uma afetividade direta e
altamente harmoniosa.
Ontem,
pensando como me manifestaria nesta tarde, lembrei-me de inserir nosso
homenageado, o Des. Garibaldi de Almeida Wedy, que representa uma das mais
ilustres famílias da nossa querida Soledade, e lembrei-me de Érico Veríssimo.
No seu inolvidável “O Tempo e o Vento”, onde ele, contou, a primeira
redemocratização deste País - entre realidade e ficção - a saga das famílias
que constituíram os pilares e a história deste Estado, os Terra, os Cambará, os
Amaral, desde 1750 até 1946. Pois, o
Dr. Garibaldi também está no epicentro, no redemoinho da história de Soledade.
E hoje rendemos à essa história, através desta Câmara, inserindo Porto Alegre
nessa consecução. Eis que falar em Garibaldi faz lembrar de que seu pai, Alpheu
Wedy, foi Vereador em Soledade, eleito em novembro de 1935. Falar de
Garibaldi, Wedy, faz vir à memória
aquela extraordinária, magnífica, simpática e querida Haidée, colega interna da
minha mãe nos idos de 1925 e 1930, lá no Colégio Notre Dame, em Passo Fundo,
cujo pai, Kurt Frederico Spalding, também foi Vereador em Soledade, chamado
Conselheiro, na época, em 1928. Kurt
Spalding, é nome de rua em Soledade, é nome de rua em Barros Cassal, é nome de
rua em Passo Fundo, e foi vítima, ele pacato farmacêutico da Farmácia Serrana,
em Soledade, das lutas que construíram a grandiosa história deste Estado entre
os Maragatos e Pica-paus. Ele, pertencente ao lenço vermelho dos Maragatos, foi
covardemente morto na sua farmácia por mandaletes do prefeito adversário da
época, isso em 1934. Quem o defendeu, porque ele estava desarmado - por ele matou um dos sicários, ferindo outro
e o terceiro saiu correndo - foi também um legendário soledadense, o General
Cândido Carneiro Júnior, o grande Candoca, um dos orgulhos da nossa terra.
Vejam de onde surgiu a semente que hoje está na sua descendência gloriosa, nas
pessoas, nos filhos, dos netos de Kurt Spalding e Alceu Wedy, filhos de
Garibaldi e da querida Haidée que tanta falta faz, hoje, aqui. Décio Spalding
de Almeida Wedy, foi promotor e procurador - hoje está aposentado - ilustre
jurista, bravo companheiro de lutas estudantis comigo e com tantos outros.
Décio Spalding de Almeida Wedy, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça
reeleito, de notório saber jurídico, simpatia pessoal irradiante, pessoa de
alto gabarito. Ainda falta falar sobre o Dirceu, o terceiro filho, que foi para
o exterior, casou-se em Londres, e teve morte antecipada, deixando-nos muito
jovem. Seus netos, Gabriel e Miguel - este inclusive nos assessorando, há
poucos dias, aqui, com brilhantes pareceres a respeito de matéria complexa como
a Previdência Social; muito jovem, mas já ilustrando as letras jurídicas,
seguindo o avô e os seus ancestrais.
Essa
é a inserção do nosso homenageado, a inserção como pessoa, inserção como
jurista, a inserção como personalidade que honrou as tradições da nossa terra,
muito cedo ainda, porque na época podia ser Solicitador e ele, no 4º ano de
Direito, já era Solicitador na Vara do Júri, em Soledade, acompanhando aquele
que, no meu entendimento, foi o maior e o melhor tribuno de júri que jamais
Soledade viu, o Dr. Antônio Mont Serrat Martins. De modo que cedo começou nas
lides jurídicas e depois passou ao excelso pretório do juizado, tendo inclusive
- quando Getúlio Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945, quando José
Linhares assumiu a Presidência, os presidentes dos Tribunais de Justiça
assumiam as interventorias nos Estados e os Juízes dos municípios assumiam as
prefeituras - ele assumiu a Prefeitura de Sobradinho até dezembro de 1945,
quando foi eleito Eurico Gaspar Dutra, ele então passou a Prefeitura ao
Prefeito eleito de Sobradinho.
Tem
passagens memoráveis como Juiz. Por exemplo, eu lendo o livro de S. Ex.ª, o Dr.
Garibáldi, tive de sorrir, quando naquela época, ele, sendo Juiz, foi designado
para ir ao 3.º Distrito, terra de fazendeiros em Soledade, para celebrar três
casamentos. Só que, naquela época, as estradas tinham muitas dificuldades de
trânsito e a condução que os levava atolou, chegando atrasada já no primeiro
casamento, eram quase 16h, aí houve, naturalmente, festas e celebrações.
Depois, ele foi celebrar o segundo casamento já no início da noite. Como um
cunhado do escrivão tinha interesse no terceiro casamento, queria que ele,
sendo o Juiz, fosse celebrá-lo também.
Porém, alguém disse que haveria um rio a atravessar e, certamente o caminhão, a
condução não teria condições para atravessá-lo à noite. Ele foi obrigado,
então, a ficar no segundo casamento e pôde participar e dançar na festa durante
a noite toda. No outro dia, celebrou o terceiro casamento como Juiz substituto,
naquela época, lá na nossa terra.
Portanto,
Dr. Garibaldi de Almeida Wedy, homenagear V. Ex.ª é homenagear Soledade. Porto
Alegre homenageia V. S.ª, homenageando toda a constelação de grandes homens da
nossa terra. Homens que, em 1932, quando houve a Revolução Constitucionalista,
em São Paulo e era interventor no Rio Grande o caudilho José Antônio Flores da
Cunha que, imediatamente apoiou Getúlio Vargas e todo o Estado também o fez,
menos duas cidades: Soledade e Palmeira das Missões. E ali estava o embrião da
morte de Kurt Spalding, seu sogro. Kurt Spalding morreu, em 1934, exatamente
pelos acontecimentos da Revolução de 1932. E muitos soledadenses liderados pelo
General Candoca, Cândido Carneiro Júnior, bravo caudilho da nossa terra, vieram
até o front e ali defenderam as suas
idéias. Defenderam contra todo o Rio Grande e até mesmo contra o Presidente
Constitucional do Brasil, da Revolução de 30, Getúlio Vargas, mostrando que
Soledade nunca dobrou o seu penacho para atos que não tivessem a outorga do
povo da nossa cidade natal.
Portanto,
hoje, eu posso dizer que V. S.ª, nesta homenagem, simboliza que a Cidade de
Porto Alegre - ao outorgar-lhe este título - ajoelha-se à bravura da história
da nossa querida Soledade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra e falará em nome da Bancada do PPB.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Meu caro novo
Cidadão de Porto Alegre, Desembargador Garibaldi Almeida Wedy, seus amigos hoje
estão aqui para homenageá-lo.
A
vida é feita de alegrias e de sofrimentos, de sucessos e derrotas, como o ano é
feito de inverno e de verão, como a terra produz árvores frutíferas e ervas
daninhas. A vida é feita de momentos, Dr. Garibaldi Almeida Wedy.
V.
S.ª vive um momento maravilhoso da sua vida que vai ser guardado por muito e
muito tempo. A Cidade que o acolheu, por intermédio da unanimidade dos votos
dos seus Vereadores, da unanimidade dos votos dos seus representantes, o acolhe
agora como o mais novo Cidadão de Porto Alegre. Nós temos certeza de que Porto
Alegre está ganhando com isso.
“Ninguém
nos tira a imortalidade de além-túmulo, mas apraz-nos a imortalidade na terra,
e são os nossos descendentes - quando Deus nos ajuda - que aqui nos
imortalizam.” É o que nos diz Borgese.
E
o nosso homenageado está imortalizado na terra pelos seus filhos: Décio, Délio,
que estão conosco hoje e que também honram a magistratura deste Estado, pelos
seus netos: Leonardo, pelo Gabriel - meu advogado numa importante ação - pelo
Miguel, assessor da minha Bancada é que foi ressaltado, aqui, pelo Ver. Nereu
D’Avila, que ajudou muito na concepção de um Parecer que pudesse fazer um
Projeto à altura das necessidades dos municipários, à altura das necessidades
da Cidade. Cumprimentos, portanto, pela sua descendência, pelo seu exemplo.
(Lê.)
“Ao
longo de sua jornada, a conduta do Des. Garibaldi Almeida Wedy foi estribada
nos princípios acolhidos desde a sua tenra infância, na centenária Fazenda do
Posto, pelo exemplo de seus pais, Alpheu e Maria. Em Alpheu, estava o exemplo
de trabalho abnegado, da luta diária de sol a sol, o exemplo do campeiro e do
homem de palavra e honrado, do homem corajoso e veemente. Em Maria, a
docilidade materna, o carinho, o acolhimento, o amor açucarado dos doces de
leite que ela fazia para Garibaldi e seus irmãos Hercílio, Laura, Margarida, Ophélia,
Décio, Dercília e Alfredo.
Outro
evento também marcou de forma indelével a personalidade do Des. Garibaldi: o
casamento com a inolvidável Dona Haydée. Ela era a mãe amorosa, a esposa
dedicada e fiel e uma avó protetora, que dispensou a todos que a conheceram uma
simpatia contagiante, que demonstrava a pureza de sua alma. Juntamente com
Haydée, o Des. Garibaldi suportou os sofrenaços da vida e empreendeu a maior
conquista que o ser humano pode conseguir, como dizia Érico Veríssimo:
‘surpreendeu os seus semelhantes no ato de viver, demonstrando que a maior
riqueza do homem é a vida, e que apesar de todas as dificuldades, tristezas e
angústias, a vida vale a pena ser vivida.’
O
Des. Garibaldi conheceu a Porto Alegre da década de 30, a Capital dos bondes, a
Porto Alegre dos cafés e confeitarias, a inocente Porto Alegre que já não
existe mais - a Porto Alegre de Alberto Bins, Loureiro da Silva, Ildo
Meneghetti - até a Porto Alegre de hoje.
Pois
esta Porto Alegre agora o acolhe como Cidadão, um título que significa o
coroamento da conduta autêntica deste advogado ainda atuante nas lides
forenses, deste escritor que retrata a história de Soledade e do Rio Grande do
Sul através de sua pena, deste campeador que, aos 87 anos, maneja o seu
parelheiro com a destreza de um general farroupilha, enfim, deste chefe de
família, que definiu, através de seu exemplo pessoal, o destino de sua
descendência.
Garibaldi
Almeida Wedy viveu uma vida boa e honrada e, hoje, com mais idade pode pensar
no passado e ter prazer mais uma vez.
Em
nome do meu Partido, em nome de minha Bancada, quero desejar-lhe, Des.
Garibaldi Almeida Wedy, uma vida ainda muito longa, que V. Ex.ª possa continuar
prestando serviços à coletividade que o cerca. E nós temos certeza de que
acompanharemos este trabalho, porque V. S.ª é um homem voltado ao trabalho, à
dignidade e à honra. Saúde e paz! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Convido o Ver. Cassiá Carpes a proceder à
entrega do Título Honorífico Cidadão de Porto Alegre ao nosso homenageado.
Convido o Sr. Nereu D’Avila para proceder à entrega da medalha.
(Procede-se à entrega do
Título e da Medalha.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Deputado Sérgio Zambiasi, Presidente da
Assembléia, e o Desembargador Luís Felipe Vasquez de Magalhães, Presidente do
Tribunal de Justiça do Estado, têm compromisso às 18 horas na Assembléia e,
neste momento, terão que se afastar da presente solenidade.
A
Presidência desta Casa agradece a presença de honrosas personalidades políticas
deste Estado que, sem dúvida nenhuma, qualificaram e prestigiaram este ato em
homenagem ao Desembargador Garibaldi
Almeida Wedy.
O
Desembargador Garibaldi Almeida Wedy está com a palavra.
O SR. GARIBALDI ALMEIDA WEDY: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) (Lê.)
“É
enorme, neste momento, a minha emoção. Vivo uma indisfarçável e indizível
alegria que me chega às raias da felicidade.
Perguntava
Rui Barbosa: ‘Quem pôde, neste mundo, até hoje, definir a felicidade? Desde que
a atenção do homem se concentrou na natureza visível para a natureza interior,
a ciência, a poesia, a religião, debruçadas sobre o coração humano, revolvem o
impenetrável problema, esgotando em vão a sagacidade, a inspiração, a
eloqüência...’
Para
mim, a felicidade é viver, nesta egrégia Câmara Municipal de Porto Alegre, um
momento como este, com a presença dos meus filhos, noras, netos, irmãos,
cunhados, cunhadas, sobrinhos, parentes, amigos, amigas e soledadenses. Estou
no convívio agradável de tão generosas pessoas que me trazem, com as suas
presenças, um estímulo para continuar a viver nesta bela Cidade de Porto
Alegre, banhada pelo rio Guaíba, olhada de cima de seus morros e palmilhada nos
seus demais recantos.
A
Cidade de Porto Alegre, além de ser a Capital do Estado do Rio Grande do Sul, é
detentora de tantos títulos conquistados, quer na paz ou na guerra.
A
Egrégia Câmara Municipal de Porto Alegre houve por bem conceder-me o Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, tendo em vista a minha vida particular e
pública.
É
hora de agradecer, com imensa satisfação, à Egrégia Câmara Municipal de Porto
Alegre, a concessão, que me é feita, do honroso Título Honorífico de Cidadão de
Porto Alegre; é motivo de inexprimível contentamento o recebimento de tão
valioso Título, Sr. Presidente! Sou profundamente agradecido à Egrégia Câmara
Municipal de Porto Alegre pela outorga de título tão expressivo, que
representa, para mim, uma incomensurável honraria. Agradeço, com especial
reconhecimento e particular estima ao ilustre Ver. Cassiá Carpes, a quem muito
admiro.
O
preclaro Vereador Cassiá Carpes teve a generosa iniciativa de propor o Projeto
de Lei, convertido em Lei, que me concede o Título Honorífico de Cidadão de
Porto Alegre. O ilustre Ver. Cassiá Carpes, natural de São Borja, não nega a
sua procedência. São Borja é a sentinela da fronteira do Brasil com a
Argentina.
É
também a terra em que nasceram os ilustres ex-Presidentes da República: Dr.
Getúlio Dornelles Vargas e Dr. João Belchior Marques Goulart.
A
vida pregressa do ilustre Ver. Cassiá Carpes é um exemplo de luta e trabalho. A
sua franqueza e a sua fidalguia são traços marcantes de sua personalidade; a
sua coragem é a mesma daqueles que alargaram e mantiveram as fronteiras do
Brasil; a sua honestidade e o seu desejo de prestar serviço em favor do bem
comum são apanágios que sustentam a sua vitoriosa carreira política.
A
Redução de São Francisco de Borja, um dos Sete Povos das Missões, foi fundada
com base nas virtudes teologais: fé, esperança e caridade.
O
ilustre Ver. Cassiá Carpes marcou presença no esporte com brilhante carreira
desportiva: foi jogador de futebol de grandes times, foi técnico de futebol de
valorosos clubes, é comentarista esportivo em programas de rádio e televisão,
foi fundador do Sindicato dos Atletas do Rio Grande do Sul e da Associação de
Garantia do Atleta Profissional.
Agradeço
todas as palavras bondosas de todos os Srs. Vereadores, representantes de
partidos políticos nesta Egrégia Câmara Municipal. Percebi, em todos os amáveis
discursos aqui proferidos, um pouco da alma de cada um dos brilhantes oradores,
aos quais eu reverentemente agradeço.
Sr.
Presidente, procurarei honrar, da melhor maneira possível, a distinção aqui
recebida.
Meus
senhores e minhas senhoras, a minha vida passou pelo crivo, pela apreciação
minuciosa da Egrégia Câmara Municipal de Porto Alegre. Os que aqui compareceram
conhecem, de sobejo, a minha vida em todas as suas faces. Apesar disso, tomo a
liberdade de acrescentar: na vida de todos, desde o nascimento até a morte, há
sempre um livro ou mais livros. Os livros mais conhecidos são: o livro de
assento de nascimentos, o livro de casamentos e o livro de óbitos.
Nas
casas legislativas existem os Anais, que ‘registram fatos históricos ou
pessoais.’ É nos Anais da Câmara Municipal de Porto Alegre que, de agora em
diante, vai constar o meu nome. Vai constar também, por via de conseqüência,
que nasci na então Vila de Soledade, situada no planalto rio-grandense. Soledade
é a ‘ Capital das pedras preciosas.’ Dois ilustres soledadenses já receberam o
Título de Cidadão de Porto Alegre: o Dr. Nélson Silva Porto, médico de renome
no Brasil e fora do Brasil, e o Desembargador Mílton dos Santos Martins,
ex-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado.
O
ilustre Ver. Nereu D’Avila, ex-Presidente desta Casa, é filho dileto de
Soledade. O ilustre Dr. Sereno Ferreira Chaise, ex-Prefeito de Porto Alegre,
integra a lista de filhos ilustres de Soledade, minha amada terra natal.
No
livro da minha vida consta um capítulo agradável, o meu convívio com a
hospitaleira população de Porto Alegre. Todos os ilustres oradores que me
saudaram já deram dados referentes a minha vida. Por isso penso que esses dados
são do conhecimento de todos, e, portanto, é desnecessário nomeá-los agora.
Aqui
vou contar alguma coisa sobre Porto Alegre, um fato da classe acadêmica. Em
1936, houve uma greve vitoriosa na Faculdade de Direito da Universidade de
Porto Alegre, promovida pelos alunos dependentes de Economia Social - Economia
Pura e Política Econômica. O Professor catedrático foi substituído. O próprio
Diretor da Faculdade de Direito examinou os alunos dependentes. O tempo tudo
cura, o saudoso professor, substituído, recebeu uma homenagem póstuma, figurando
no quadro de formatura da turma de 1939, que era a turma dos alunos
dependentes.
Havia
a Casa do Estudante. Os alunos que podiam pagavam uma contribuição para a Casa
do Estudante, paga na tesouraria da Faculdade de Direito, com relação aos seus
alunos.
Em
Porto Alegre passei, praticamente, toda a minha juventude. Lembro que a Rua da
Praia - a Rua dos Andradas - era a vida de Porto Alegre, era sua vitrina, o seu
cartão postal. A Rua da Praia mostrava a vida política, administrativa,
comercial, social e estudantil de Porto Alegre. Na Rua da Praia havia passeio e
trabalho. Na Rua da Praia formavam-se rodas de políticos que a freqüentavam. Os
Desembargadores, depois das Sessões do Tribunal, desciam para a rua da Praia.
Na
Rua da Praia, como já foi referido por oradores que me antecederam, havia
muitos cafés espaçosos, com mesas e cadeiras, tais como o Café Colombo, o Café
Nacional e o Café Florida; neste, havia, aos domingos, bailes ou reuniões
dançantes depois da matinê. À tarde, passavam carros pela rua da Praia
despejando água sobre o calçamento. Era o cuidado com a rua e com a vida das
pessoas.
Nas
tardes de domingos, os cinemas estavam completamente lotados. À noite, havia
duas sessões de cinema. Não raro, o chefe da família saía do cinema de chapéu
na cabeça e bengala na mão. Na frente do casal, a filha com o namorado ou com o
seu noivo.
As
praças de Porto Alegre, além de serem do povo, eram de todos. Nelas havia, de
dia e de noite, passeio e lazer.
No
Auditório Araújo Viana, ao lado da Praça Marechal Deodoro - ou Praça da Matriz
- havia, às quartas-feiras e aos domingos, concerto ou retreta pela Banda
Municipal. Assisti, da Praça da Alfândega, aos discursos de grandes oradores,
proferidos sem o auxílio de microfones, das sacadas do Grande Hotel ou do
edifício em frente.
O
Grande Hotel foi o quartel-general dos políticos e revolucionários da Revolução
de 1930. O incêndio, que o destruiu, não faz muito, consumiu a memória de um
pedaço da história política do Estado do Rio Grande do Sul.
O
bonde era o principal meio de transporte de todas as classes sociais de Porto
Alegre. O bonde ligava o Centro à periferia. Dos arrabaldes, as pessoas
convergiam para a Praça XV de Novembro, onde havia, além do Chalé, com mesas e
cadeiras ao ar livre, o Abrigo, lugar de embarque e desembarque de passageiros
dos bondes. No Abrigo estava instalado o Bar Balu, com música e cantante. Há
poucos dias, dois jornalistas fizeram referências ao Bar Balu do Abrigo.
Em
1930, assisti, do cais do porto, ao embarque festivo de Yolanda Pereira, Miss
Pelotas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo.
Ao
cais do porto de Porto Alegre chegavam pessoas de todo o mundo. Do cais do
porto de Porto Alegre partiam pessoas para todos os recantos do mundo.
Nas
proximidades do Mercado Público, havia um cais, ou atracadouro, ou ancoradouro.
Nos rios do Estado flutuavam e navegavam embarcações de todos os tipos. Por
exemplo, os vapores da Companhia de Navegação Arnt conduziam passageiros e
cargas usando os Rios Taquari, Jacuí e Guaíba. E havia a barca para a Cidade de
Guaíba.
A
vida social de Porto Alegre era animada, principalmente pelos bailes das
grandes e pequenas sociedades.
A
vida noturna - já foi referida aqui, vale a pena repetir - concentrava-se no
cabaré, isto é, ‘casa de diversões, onde se bebe e dança, em geral se assiste a
espetáculos de variedades.’ Nos cabarés, havia todos os tipos de jogos. A
jogatina era livre e franca. O jogo sustentava, e bem, a diversão noturna.
As
chamadas pensões de mulheres completavam o quadro de diversões dos boêmios. O
meretrício estava localizado no Beco do Oitavo, lugar preferido por marinheiros
adventícios.
Os
esportes eram: futebol, remo e tênis. Uns dez times de futebol de Porto Alegre
disputavam o campeonato. Vi o juiz do jogo ser escolhido entre os assistentes
ou espectadores. O escolhido, tirando o casaco e a gravata, entrava no campo
para apitar a partida.
Havia
trem para a Tristeza. A praia da Pedra Redonda era muito freqüentada. Ali,
havia cassino ou casa de jogo.
Terminados
os estudos em Porto Alegre, voltei para o interior do Estado, onde exerci,
sucessivamente, a profissão de advogado, e os cargos de Promotor Público – hoje
Promotor de Justiça – e de Juiz de Direito.
Voltei
para Porto Alegre, para aqui ficar, em julho de 1957. Todos já mencionaram a
minha atividade no interior do Estado, assim como mencionaram a minha atividade
aqui em Porto Alegre.
Sr.
Presidente, desejo que a Egrégia Câmara Municipal, eco das aspirações e
insatisfações da população de Porto Alegre, continue a legislar e a exercer as
suas nobres atribuições, com os olhos voltados para as necessidades da
população de Porto Alegre, amparada na moral e na lei, limites da conduta
humana. E, além disso, inspire-se na concepção política de ‘governo do povo,
pelo povo e para o povo.’
Olhando
a história evolutiva da civilização do Brasil, desde seu descobrimento, em
1500, noto que, de mudança em mudança, o Brasil chegou até os nossos dias.
Não
tenho o propósito de discutir se cada mudança foi um progresso ou uma evolução.
Também não tenho a intenção de dizer se cada mudança ou alguma mudança foi para
melhor, porque sei, perfeitamente, que essa tarefa é reservada, exclusivamente,
aos doutos os quais observam e interpretam os nossos fatos sociais e, depois,
receitam - ou ministram - os remédios, formulados na dose exata para aplacar ou
debelar as nossas exigências vitais e dificuldades visíveis.
Mirando
o imenso Brasil, com as suas virtudes e vícios, não sinto inquietação de
consciência, porque vejo a minha grande Pátria, com tolerância máxima.
Lembro-me de que a Revolução de 1930 pregava o combate enérgico e impiedoso
contra o carcomido, ou seja: o combate contra o gasto, o estragado, o corroído,
o apodrecido, o corrupto, ou contra o vício que corrompe uma instituição.
Acredito,
sem descrença, no futuro promissor do Brasil. Como brasileiro quero continuar
neste ‘berço esplêndido’, crendo, sem nenhuma hesitação, no Brasil, tal qual
está na letra do Hino Nacional: ‘Gigante pela própria natureza,/És belo, és
forte, impávido colosso,/E o teu futuro espelha essa grandeza.’
Também
confio nas divisas de nossas bandeiras que consagram os nossos anseios de povo
livre. A legenda da Bandeira do Brasil é ‘Ordem e Progresso’. Isso quer dizer:
com ordem é a tranqüilidade da paz. O progresso é o resultado do trabalho de
todos os brasileiros, em toda as frentes de trabalho humano.
O
dístico do estandarte do Estado do Rio Grande do Sul é: ‘liberdade, Igualdade,
Humanidade’. Foi em nome da liberdade que os Farrapos escolheram, na Revolução
Farroupilha, Giuseppe Garibaldi, o corsário rio-grandense e herói de dois
mundos. A fraternidade, inscrita no pavilhão rio-grandense, não é, por certo, a
de Abel e Caim, referida na Bíblia, mas é, com certeza, a fraternidade que leva
à convivência pacífica como deve ser a de todos os irmãos, em clima de estima e
cordialidade.
A
palavra ‘humanidade’ no pavilhão rio-grandense, sem dúvida, tem sentido
literal, abrangendo o conjunto de todos os habitantes do Rio Grande. Sendo
assim pálio da gauchada. A Cidade é detentora do título ‘Leal e Valerosa Cidade
de Porto Alegre.’
O
saudoso historiador Walter Spalding escreveu sobre o significado do Brasão de
Porto Alegre, concluindo assim: ‘Símbolo heráldico da Cidade, o Brasão de Porto
Alegre é o emblema democrático, não apenas na Capital gaúcha, mas de todo o seu
povo dinâmico e ordeiro. É um emblema que honra a Cidade e sua gente.’
Com
gratidão, que é virtude peregrina, que não esquece, nem some, agradeço a
presença das autoridades, de todos os presentes e de todos os soledadenses.
Com
imorredoura saudade, que é a ‘presença dos ausentes’, guardo, no íntimo do
coração, como quem guarda um tesouro inviolável, a lembrança das pessoas que,
em vida, me eram caras, e, por terem saído desta vida, não estão aqui. Muito
obrigado. Felicidades a todos.” (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Neste momento convidamos todos os
presentes para, em pé, ouvirmos a
execução do Hino Rio-Grandense.
(Executa-se o Hino
Rio-Grandense.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Registramos a presença, além daqueles que
se manifestaram, dos seguintes Vereadores: José Fortunati, Elói Guimarães,
Isaac Ainhorn, Ervino Besson e do Ver. Reginaldo Pujol.
Agradecendo
a presença de todos, damos por encerrada esta Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão Solene às 18h38min.)
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